terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sinais de Pontuação, Crase!'

Sempre que for redigir, o aluno deve estar atento às normas de pontuação.
Os sinais de pontuação, ei-los:
Vírgula---------------------- ,
Aspas------------------------ " "
Ponto de interrogação----- ?
Ponto de exclamação----- !
Ponto final------------------ .
Dois pontos----------------- :
Travessão------------------- -
Parênteses------------------ ( )
Reticências----------------- ...
Ponto e virgula------------ ;
Júlio Ribeiro disse "Pontuação é a arte de dividir, por meio de sinais gráficos, as partes do discurso que não têm entre si ligação íntima, e de mostrar do modo mais claro as relações que existem entre essas partes.
Saber pontuar é importantíssimo; muitas vezes o período fica sem sentido e a mensagem nunca chega ao seu destino.
Veja o seguinte exemplo de pontuação:
Como como como como como como como comes.
Agora, veja o mesmo exemplo com pontuação:
Como como? Como como como, como como comes.
A pontuação obedece a exigências fisiológicas. É claro que os alunos de maior capacidade pulmonar vão preferir os períodos longos.
É certo, também, que existem certas razões lógicas que policiam a pontuação.
O pensamento tem uma ordem, e assim os termos que o representa.
Veja o seguinte: a prosa não é só fruto da inteligência e, muitas vezes, inspira-se na sensibilidade, na emoção. Os temperamentos mais nervosos, mais sensíveis abusam das exclamações, interrogações e reticências. Já os calmos, os frios, diante de um espetáculo da natureza, não diriam "que maravilha!", e sim, "é uma bonita paisagem, empregando um lacônico ponto-final.
Tendo a pontuação muito de pessoal porque é inspirada em princípios lógicos, fisiológicos e afetivos, ela não pode ser colocada dentro de esquemas rígidos e leis invioláveis.
O aluno terá inúmeras ocasiões de optar por este ou por aquele sinal, atendendo às conveniências de interpretação ou obedecendo aos reclamos do seu temperamento.
Vejam as possibilidades abaixo:
    Ele é estudioso, mas não passará.
    Ele é estudioso, mas ... não passará.
    Ele é estudioso, mas não passará...
    CRASE
A crase caracteriza-se como a fusão de duas vogais idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com o artigo feminino a (s), com o “a” inicial referente aos pronomes demonstrativos – aquela (s), aquele (s), aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais). Casos estes em que tal fusão se encontra demarcada pelo acento grave (`): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às quais.

Trata-se de uma particularidade gramatical de relevante importância, dado o seu uso de modo frequente. Diante disso, compreendermos os aspectos que lhe são peculiares, bem como sua correta utilização é, sobretudo, sinal de competência linguística, em se tratando dos preceitos conferidos pelo padrão formal que norteia a linguagem escrita.

Há que se mencionar que esta competência linguística, a qual se restringe a crase, está condicionada aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e nomimal, mais precisamente ao termo regente e termo regido. Ou seja, o termo regente é o verbo ou nome que exige complemento regido pela preposição “a”, e o temo regido é aquele que completa o sentido do termo regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). Como explicitamente nos revela os exemplos a seguir:

Refiro-me a(a) funcionária antiga, e não a(a)quela contratada recentemente.
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada recentemente.

Notamos que o verbo referir, analisado de acordo com sua transitividade, classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referimos a alguém. Constatamos que o fenômeno se aplicou mediante os casos anteriormente mencionados, ou seja, fusão da preposição a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome demonstrativo aquela (àquela).


A fim de ampliarmos nossos conhecimentos sobre as circunstâncias em que se requer ou não o uso da crase, analisaremos:


# O termo regente deve prescindir-se de complemento regido da preposição “a”, e o temo regido deve admitir o artigo feminino “a” (s):
Exemplos:

As informações foram solicitadas à diretora.
(preposição + artigo)

Nestas férias, faremos uma visita à Bahia.
(preposição + artigo)

Observação importante:

Alguns recursos nos servem de subsídios para que possamos confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns deles:

a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina equivalente. Caso ocorra a combinação a+o(s), a crase está confirmada.
Exemplos:

As informações foram solicitadas à diretora.
As informações foram solicitadas ao diretor.

b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da crase.
Exemplos:

Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)

Não me esqueço da viagem a Roma.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos jamais vividos.

Atenção:

Nas situações em que o nome geográfico apresentar-se modificado por um adjunto adnominal, a crase está confirmada.
Exemplos:

Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas praias.

# A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o temo regente exigir complemento regido da preposição “a”.
Exemplos:

Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo)

Iremos àquela reunião.
(preposição + pronome demonstrativo)

Sua história é semelhante às que eu ouvia quando criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
(preposição + pronome demonstrativo)

# A letra “a” que acompanha locuções femininas (adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Exemplos:

* locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pressas, à vontade...
* locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura de...
* Locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.

Casos passíveis de nota:

* Em virtude da heterogênea posição entre autores, o uso da crase torna-se optativo quando se referir a locuções adverbiais que representem meio ou instrumento.
Exemplos:

O marginal foi morto a bala pelos policiais. (Poderíamos dizer que ele foi morto a tiro)
Marcela redige todos os seus trabalhos a máquina. (Poderia ser a lápis)

* Constata-se o uso da crase se as locuções prepositivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas, mesmo diante de nomes masculinos.
Exemplos:

Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)

* Não se efetiva o uso da crase diante da locução adverbial “a distância”.

Na praia de Copacabana, observamos a queima de fogos a distância.

Entretanto, se o referido termo se constituir de forma determinada, teremos uma locução prepositiva. Mediante tal ocorrência, a crase está confirmada.
Exemplo:

O pedestre foi arremessado à distância de cem metros.

- De modo a evitar o duplo sentido, faz-se necessário o emprego da crase.
Exemplo:

Ensino à distância.
Ensino a distância.

# Em locuções adverbiais formadas por palavras repetidas, não há ocorrência da crase.
Exemplo:

Ela ficou frente a frente com o agressor.


Casos em que não se admite o emprego da crase:

# Antes de vocábulos masculinos.
Exemplos:

As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro.

# Antes de verbos no infinitivo.
Exemplos:

Ele estava a cantar quando seu pai apareceu repentinamente.
No momento em que preparávamos para sair, começou a chover.

# Antes de numeral.
Exemplo:

Cegou a cento e vinte o número de feridos daquele acidente.

Observação:

- Nos casos em que o numeral indicar horas, configurar-se-á como uma locução adverbial feminina, ocorrendo, portanto, a crase.

Os passageiros partirão às dezenove horas.

- Diante de numerais ordinais femininos a crase está confirmada, visto que estes não podem ser empregados sem o artigo.

As saudações foram direcionadas à primeira aluna da classe.

# Antes da palavra casa, quando essa não se apresentar determinada.
Exemplo:

Chegamos todos exaustos a casa.

Entretanto, se a palavra casa vier acompanhada de um adjunto adnominal, a crase estará confirmada.

Chegamos todos exaustos à casa de Marcela.

# Antes da palavra “terra”, quando essa indicar chão firme.
Exemplo:

Quando os navegantes regressaram a terra, já era noite.

Contudo, se o referido termo estiver precedido por um determinante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá a crase.

Paulo viajou rumo à sua terra natal.

# Quando os pronomes indefinidos “alguma, certa e qualquer” estiverem subentendidos entre a preposição “a” e o substantivo, não ocorrerá a crase.
Exemplo:

Caso esteja certo, não se submeta a humilhação. (a qualquer humilhação)

# Antes de pronomes que requerem o uso do artigo.
Exemplos:

Os livros foram entregues a mim.

Dei a ela a merecida recompensa.

Observação:

Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no caso de o termo regente exigir a preposição.

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